"quero a sorte de uma amor tranquilo, com sabor de fruta mordida"

Hoje, tudo o que quero é pela manhã um café bem forte, atrás da janela uma chuva silenciosa, na vitrola tocando um disto da Pitty -ou quem sabe Beatles.
Quero ao meio dia ir a cozinha com você e inventar um prato que ficará horrível mas que nos trará ótimas risadas.
Durante a tarde quero um filme bom na TV, a chuva lá fora, eu e você no sofá. Quero perder metade do filme olhando distraidamente para suas formas, e perder a outra metade sentindo seu cheiro. E enquanto os créditos passam pretendo beijá-la como se fossem nossos últimos segundos, de chuva. Só espero que depois disso tudo não me perguntes o que achei do filme...
Durante a noite quero ouvir-te tocando violão. Tocando as músicas que gosto e as que não gosto. Quero conversar sobre coisas aleatórias.Quero deitar no seu colo e permanecer por alguns minutos em silêncio, e nesses minutos ter certeza que você entende tudo o que eu não digo. Quero que a noite não acabe .Quero que o silêncio de alguma música invada nosso apartamento. Quero ser a dúvida que se confirma nas pausas do violão. E durante a insônia, na cama ao seu lado ler um bom livro.
Quero que o dia cinza amanheça ensolarado. Quero levar-te até o alto, para vermos o sol se pôr.

Confesso - Ana Carolina

Confesso acordei achando tudo indiferente
Verdade acabei sentindo cada dia igual
Quem sabe isso passa sendo eu tão inconstante
Quem sabe o amor tenha chegado ao final

Não vou dizer que tudo é banalidade
Ainda há surpresas mas eu sempre quero mais
É mesmo exagero ou vaidade
Eu não te dou sossego, eu não me deixo em paz

Não vou pedir a porta aberta é como olhar pra trás
Não vou mentir nem tudo que falei eu sou capaz
Não vou roubar teu tempo eu já roubei demais

Tanta coisa foi acumulando em nossa vida
Eu fui sentindo falta de um vão pra me esconder
Aos poucos fui ficando mesmo sem saída
Perder o vazio é empobrecer

Não vou querer ser o dono da verdade
Também tenho saudade mas já são quatro e tal
Talvez eu passe um tempo longe da cidade
Quem sabe eu volte cedo ou não volte mais


Não vou pedir a porta aberta é como olhar pra trás
Não vou mentir nem tudo que falei eu sou capaz
Não vou roubar teu tempo eu já roubei demais


Não vou querer ser o dono da verdade
Também tenho saudade mas já são quatro e tal
Talvez eu passe um tempo longe da cidade
Quem sabe eu volte cedo ou não volte mais

Meus velhos olhos escuros

O ar me entra nos pulmões
e gela a última gota de esperança que trago
Hoje te olhei nos olhos,
depois de muito tempo...
não reconheci aquele estranho brilho,
tão conhecido meu...

Levantei, depois de alguns dias de sono
me toquei, vi no espelho uma imagem que já tinha me esquecido
pronunciei palavras, as primeiras quase gritei
pus os pés no chão, ele parecia girar
aos poucos me reacostumei com minhas formas
me lembrei de como respirar e de que o coração bate sozinho

foi estranho ser eu de novo
me esqueci de tanta coisa...
e confesso, esperava acordar em outras dimensões

mas enfim, eu estava ali, diante daqueles velhos olhos escuros
eu havia sido guspida da escuridão daqueles olhos
ao longo da vida, essa escuridão à mim se tornou comum

mais uma vez eu tinha a opção:
encarar aquele olhar ou ser engolida novamente por ele?

-Eu opto por viver!

Explicações

Eu disse que precisava de um um ombro, de um abraço e de um silêncio. Você me ofereceu as três coisas.
Parei naquele exato momento. Estava eu, ali de novo, e você me oferecendo algo. Você não me pedia uma chance, assim como não o fez antes. Você estava se doando à mim.Querendo doar e dividir o que tem, o que é.
Me restava aceitar ou não. Da outra vez não aceitei, não ME dei uma chance. Não me arrependo, naquele momento eu não era a pessoa certa pra você, tavez agora eu seja? Só você pode me dizer!
Pensar em te dar uma chance seria menosprezar-te. Principalmente a sua inteligência.
O que vejo é que mudamos. De pensamento, de jeito, de caminho. E mais uma vez os nossos se cruzaram, vai ser apenas uma aperto de mão e umas palavras jogadas, ou vamos nos dar a chance de sentar na grama, conversar sobre politica e livros, e vou aceitar seu ombro, seu abraço e seu silêncio? Não depende de mim. Não depende de você. Depende de nós.
Você falou dos desencontros, já olhou para os encontros? Tivemos uma grande chance de não nos conhecermos.
Você me notou, eu te reparei. Foi esse o primeiro encontro, eu sai por aquela porta e não voltaria mais. Você não sabia quem eu era, nem ao menos meu nome. Acabaria ali. Mas... veio uma tarde, uma biblioteca, um encontro. Você lembrou de mim, eu não te estranhei. Dessa vez você que saiu pela porta, mas já sabiamos o nome uma da outra. Era isso, acabaria ali. Mas... uma conhecida em comum, nos aproximamos...
Os encontros estão ai, não os nege e não mencione os desencontros.
"Quem sabe amanhã?". Desculpa, mas o amanhã é algo que não existe para mim. Então não pense que vejo dessa forma, "quem sabe?" porque para mim também, ou é ou não é.
Talvez você já tenha visto que trago aqui dentro uma alma artista, e o minimo de um artista é seu todo, é ele inteiro. Este é meu minímo, é o meu maximo. A intensidade dos meus olhos vai bem além destas e de quaisquer outras palavras.
Não ache que o que quero é um momento, e que isso me bastaria, o que quero vai bem mais adiante do que nossas mãos podem tocar.
Você disse: Quero completo, inteiro, profundo. Não quero mais problemas, quero mais soluções.
Não sei ser metade, ou eu amo ou odeio, ou gosto ou não gosto, ou estou ou não estou. Completo é aquele que sente o outro em si. Profundo, não são minhas palavras, você estava falando do meu olhar. Soluções? Elas só existem depois dos problemas, e sou otima em resolver problemas, rs.

Eu não estou brincando, não sou criança, também não quero mais dores de cabeça, não quero uma tarde com alguém e do dia seguinte virar a página, quero escrever um livro sentada na grama, ao seu lado se for possível.

Ao lembrar daquela tarde, me veio mais do que uma lembraça. Aqui dentro algo ardeu, e era de um calor bom, acolhedor.
Não sei definir determinadas coisas. Mas é assim que vejo e sou.
Me queira assim ou não me queira, mas não me entenda mal, e não me julgues pelo que não sou.

Cara ou coroa?

                                    Fotografia: Beatriz Marques

A moeda é lançada ao alto
Ela gira mágica e lentamente
As pessoas aguardam
Todas pensam: cara ou coroa?

Repare que não importa qual de suas faces ficará para cima
É apenas um resultado

O que muda é a forma de jogar a moeda
A força, o modo, o jeito.
Isso mudará totalmente seu trajeto e
posteriormente seu resultado
que no caso é a consequencia, o ultimo fato.
escrevo enquanto o café esfria, o tempo passa lentamente, a música toca, as lágrimas quase escorrem, as idéias giram em minha cabeça como num furacão de pensamentos.

Verdades crueis

O mendigo acuado debruça-se sobre o prato.
As pessoas passam... nem o notam, nem se importam. E as que notam o olham com despreso, acusando aquele pobre homem sem história de borrar a paisagem cinza da cidade. Ele percebe os olhares acusadores e se envergonha, e os que deviam se envergonhar, seguem, com seus narizes empinados, suas roupas limpas, e seus corações de pedra.

Sobre mim

Minha foto
eu sou um pássaro me trancam na gaiola e esperam que eu cante, como antes eu sou um pássaro me trancam na gaiola mas um dia eu consigo existir e vou voar pelo caminho mais bonito