O pássaro

Eu estava parada no caminho, como já disse algumas vezes, esperando que algo acontecesse. Não importava o que fosse, eu esperaria... não agiria.
Contava dentro de mim as poucas coisas que tinha: alguns pensamentos, um pouco de vontade, uma pitada de esperança(mas em quê?), alguns grãos de idéias, e como sempre um punhado de sentimentos.
Eu esperava...
Bom, você não esta entendendo nada? Calma eu explico.
Fascinado com meu canto e aproveitando-se de minha inércia  um colecionador de pássaros armou-me uma cilada. Eu curiosa. Sim curiosa e não inocente, caí.
"eu sou um pássaro me trancam na gaiola e esperam que eu cante... como antes"
O fato era esse. Mesmo parada eu ainda sentia algo fluir por mim e de mim, se era apenas o sangue correndo pelas veias ou o calor dispersando no ar eu não saberia dizer, mas algo se espelhava ao meu redor, contagiava os demais, mesmo que eu fosse apenas como um sábio pelo caminho. Alguém para te instruir mas não para você amar.
Voltemos a história principal...
Vendo meu abatimento logo após a injusta e vaidosa prisão, aquele ser se entristeceu, eu não cantava mais, não como antes. O decepção foi grande. E pela decepção e não por bondade a gaiola foi aberta.
A opção era unicamente minha. Sair ou não sair? Ali eu tinha tudo fácil... comida, água, e até carinho quem sabe?
É, mas eu nunca preferi os caminhos fáceis da vida. Aprendi que por mais fácil que sejem seus percursos, o final não será tão bom quanto a trajetoria.
Resolvi sair, minhas assas já doiam um pouco e mal se lembravam de que movimento deviam fazer para manter-me no ar. Disso eu havia me esquecido. Esperimentei cantar. Deu certo, logo depois minhas asas lembraram-se e eu voei, alto, como nunca antes.
"eu sou um pássaro, me trancam na gaiola, mas um dia eu consigo existir, e vou voar pelo caminho mais bonito"

O caminho mais bonito qual é? Eu digo que é seguir/viver. Sim você pode parar, observar, discançar até. Mas se mova, bata suas asas, antes que elas esqueçam de como é voar, antes que você se esqueça até de como cantar.
Bata suas asas, voe. Sem medo de perder-se.
Voltar? Volte se assim sentir vontade, volte se os que moram lá te fizeram guardar o caminho de volta. Faça o que fale a pena.
O amanha não existe. ;)

Um comentário:

escrevo enquanto o café esfria, o tempo passa lentamente, a música toca, as lágrimas quase escorrem, as idéias giram em minha cabeça como num furacão de pensamentos.

Verdades crueis

O mendigo acuado debruça-se sobre o prato.
As pessoas passam... nem o notam, nem se importam. E as que notam o olham com despreso, acusando aquele pobre homem sem história de borrar a paisagem cinza da cidade. Ele percebe os olhares acusadores e se envergonha, e os que deviam se envergonhar, seguem, com seus narizes empinados, suas roupas limpas, e seus corações de pedra.

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eu sou um pássaro me trancam na gaiola e esperam que eu cante, como antes eu sou um pássaro me trancam na gaiola mas um dia eu consigo existir e vou voar pelo caminho mais bonito